sábado, 25 de maio de 2013
Boleia
Caros amigos, Camarigos; ontem recebi um telefonema do nosso Capitão Zé Luis no qual ele me dizia que esta semana recebeu a visita do Pedro, o ex.FurMil.
Ele ficou admirado mas o Pedro foi-lhe comunicar que gostava de comparecer ao nosso convívio que vai realizar-se no próximo mês de Junho em Viseu, na Quinta dos Compadres, restaurante que nos trás boas recordações. Gostava que lhe dessem boleia. Ele vive agora em S. Martinho do Porto.
Camarigos, gostava que se algum de vós tem possibilidades de o apanhar que me comunique, pois é um Camarigo que tem vontade de vir e não podemos deixar que esse seu desejo não se realize.
Desde já agradeço a boa vontade de qualquer Camarigo que se disponibilize.
Um abraço do Camarigo Monteiro (Manhiça).
quarta-feira, 8 de maio de 2013
A Guiné-Bissau em vez do Algarve
(artigo publicado na
revista mensal da Ordem dos Médicos de Março de 2013)
Três
jovens médicos decidiram trocar os prometidos e merecidos dias de lazer no
agradável e apetecido Algarve por um trabalho de voluntariado na quase
desconhecida Guiné-Bissau, onde a democracia custa a enraizar.
No
Verão de 2012 resolvemos dar as mãos e o nosso saber a quem precisa e nada tem,
acalentando a esperança que o nosso modesto exemplo possa vir a contagiar
outros agentes de saúde em Portugal.
A
Guiné-Bissau é um pequeno país da costa ocidental africana, com uma área
geográfica do tamanho aproximado da região norte de Portugal.
Rodeado
de países francófonos adoptou a língua portuguesa, testemunho duma convivência
secular que, apesar das guerras pela independência, geraram também um clima de
fraternidade que todos devemos zelar e recriar.
Coexistem
ali mais de 28 etnias de características morfológicas, cultura, religião e
línguas diferentes, somando uma população de 1,5 milhões de pessoas mais
concentrados nas maiores cidades.
Do
programa organizado e dado a conhecer previamente ao Senhor Ministro da Saúde
da Guiné-Bissau, constava a passagem pelos hospitais da capital, participar nos
trabalhos quotidianos de consulta, visita a enfermarias, cuidados assistenciais
de pequena cirurgia e ainda uma visita ao interior do país, não como mera
curiosidade, mas sobretudo para ficar com uma ideia das conhecidas limitações
de recursos humanos e tecnologia que tanto contribuem para o sofrimento das
populações.
A
saída de Lisboa verificou-se na noite de 23 de Novembro, num voo tranquilo da
nossa TAP e que cerca de 4 horas depois nos deixou no aeroporto Osvaldo Vieira
(Bissalanca), uma realidade bem diferente daquela que havíamos deixado no
aeroporto de Lisboa.
Ficamos
hospedados na Casa Emanuel, uma missão bem conhecida e respeitada pelo notável
trabalho que desde há muitos anos vem prestando à população guineense,
especialmente às crianças. Na realidade são mais de 150 crianças que nesta
prestigiada instituição são acolhidas, educadas e assistidas nos seus problemas
de saúde, aptas a enfrentar o futuro.
A
energia eléctrica, o principal problema do país, é aqui fornecida por geradores
e mesmo assim subutilizada para serviços não públicos.
A
convite do colega, Dr. Luís Gonçalves, distinto oftalmologista do Hospital de
Guimarães, que tem prestado um excelente serviço às populações, no campo do
despiste e tratamento incluindo cirurgias, visitamos demoradamente o Hospital
de Cumura e uma pequena comunidade em tratamento da doença de Hansen.
Deslocámo-nos
ao interior, visitando a cidade de Bafatá e Gabú (antiga Nova Lamego), onde o
panorama assistencial tem muitas e manifestas limitações, apesar da presença de
alguns agentes de saúde portugueses e do apoio de organizações não-governamentais
que neste país desenvolvem uma acção meritória.
Nesta
região e durante três dias, fizemos consultas e prestamos os cuidados médicos
possíveis aos residentes, na Tabanca Cruzante, muito próximo de Quebo, na
fronteira com a Guiné Conacri.
Por
último, visitamos uma das ilhas do deslumbrante arquipélago dos Bijagós, onde
soubemos que não recebiam qualquer visita médica há mais de um ano. De facto as
populações da ilha de Uno receberam-nos com grande entusiasmo e o acolhimento
foi caloroso, o que ficou bem traduzido nas palavras que a responsável política
local nos dirigiu. Ouvimos atentamente e assistimos o maior número de pessoas
que nos foi possível, distribuímos medicamentos e fizemos algumas ofertas de
roupa para crianças, sendo certo que tudo isto nos deixou marcas
inesquecíveis.
No
rescaldo desta visita, quando nos reunimos para analisar os frutos do nosso
trabalho, foi opinião unânime que tinha valido a pena. Acima de tudo, soubemos
ser solidários com gente necessitada, repartimos os bens que previamente
havíamos reunido e ficámos com a certeza de que o peso do passado de
convivência histórico e o facto de falarmos a mesma língua nos remete para a
obrigação de alargarmos e aprofundarmos a cooperação com este país de gente boa
e simpática.
Artigo transcrito por António
Costa, filho.
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