Minhas senhoras, meus senhores, quero em meu nome e em nome dos restantes membros organizadores dos nossos convívios, dar-vos as boas-vindas e agradecer a vossa presença na nossa festa dos LEÕES DE MADINA.
Para os nossos camarigos aqui presentes, dou-lhes o meu abraço fraterno e o meu obrigado pela vossa presença, assim como às vossas familias.
Camarigos de Madina, fez ontem, dia 6, sexta-feira, 39 anos que partimos de Lisboa no navio Niassa com destino à Guiné. Quanta tristeza, quanto choro, quanta angustia, quanto temor, ao irmos rumo ao desconhecido, temido e sofrido local de guerra mas, graças a Deus, tudo correu pelo melhor e hoje é com imensa alegria que juntos recordamos esses tempos passados e que já não mais são do que velhas recordações da nossa juventude e que agora mais se acentua - POIS ESTAMOS A CHEGAR AQUELA IDADE EM QUE PASSAMOS DA PAIXÃO PARA A COMPAIXÃO.
Camarigos de Madina, mais um ano em que nos juntamos para celebrar, não a nossa partida, não a nossa chegada, mas sim a amizade que foi lá iniciada, cimentada e aqui continuada até aos dias de hoje. Camarigos, quantas vezes dou por mim a pensar (eu também penso) e a questionar-me sobre o porquê desta amizade que se foi fortalecendo ao longo dos anos e que se estendeu às nossas mulheres, aos nossos filhos e agora aos nossos netos. Penso que estava escrito nas estrelas que tinhamos de pertencer à 1ªCart/Bart6523 e que tinhamos de ter por comandante o nosso querido Capitão Zé Luís, o qual sabe que nós sabemos que ele sabe, o quanto o admiramos e estimamos, pois ele sendo um pouco mais velho do que nós, sempre nos tratou com respeito, sempre pôs a sua esmerada educação e humanidade à frente da sua condição de comandante e militar miliciano.
Capitão sabe que terá sempre um lugar de destaque na galeria dos notáveis nos nossos corações, por tudo o que fez por nós e nos proporcionou, o nosso obrigado.
Acreditem camarigos, é o que dá sabermos que já nos assenta bem o ditado que diz: AOS 40 ESTAMOS A ENTRAR NA VELHICE DOS NOVOS, E AGORA AOS 60, ESTAMOS A ENTRAR NA JUVENTUDE DOS VELHOS. Mas nesta altura das nossas vidas o que mais nos deve atormentar em relação às tolices da nossa juventude, não é nós havê-las cometido, é sim não podermos voltar a comete-las, porque Bajudas, Comezainas, Noitadas, Copos, Futeboladas e outras coisas que tais, JÁ ERAM, JÁ FORAM e não voltam mais.
Camarigos ainda quero fazer uma referência ao nosso blog, pois ele neste momento é o nosso embaixador e a nossa montra, mas deixo-vos um recado: porquê tão pouca participação? Sei que para alguns de nós é muito complexo mexer nestas maquinas infernais, mas há sempre um filho, um neto, um vizinho para nos ensinar a ver e a ler o que lá está postado.
Muitos dos escritos são estados de alma deste vosso camarigo que, qual escriva assalariado e pago à peça, lá vai escrevendo a mando do Chefe Costa e que está sempre de lápis azul, qual coronel da censura e pronto a cortar qualquer coisa que interfira com o nome e sensibilidade de umas vacas sagradas que existem na companhia, há alguns gajos que eu não posso dizer algo deles, mesmo situações caricatas, vem logo o coronel de lápis azul e corta, corta e não deixa publicar, haja paciência para aturar este velho.
Quando eu digo que o nosso blog é a nossa montra, é verdade, pois já tivemos notícias de camarigos que andavam desaparecidos, tais como o Mendonça na Venezuela, o Pereira no Luxemburgo e amizades antigas que foram reatadas e que fazemos votos para que agora perdure por muitos anos e saibam que um caminho se faz caminhando.
Uma palavra de saudade e recolhimento para os camarigos que desta vida já partiram, peço ao Senhor que lhes dê o eterno descanso e que a Luz perpétua brilhe para eles na companhia dos Seus eleitos: DITOSOS OS DIGNOS DE MEMÓRIA, DESCANSEM EM PAZ.
Antes de terminar, camarigos, vou citar um famoso escritor de seu nome Saint Èxupery que nos diz: AQUELES QUE PASSAM POR NÓS, NÃO VÃO SÓS. DEIXAM UM POUCO DE SI E LEVAM UM POUCO DE NÓS. Assim sendo da Guiné nós deixamos um pouco de nós mas trouxemos um pouco dela.
Por fim e enfim para terminar, também penso que merecia ter 5 minutos de fama, (brincadeira), vou fazer uma citação de mim próprio e fazer um tributo à mulher da minha vida, aquela que me acompanha há mais de 40 anos e que tudo me atura e tudo suporta. Nela faço o tributo a todas as mulheres dos camarigos, pois elas também são as Camarigas de Madina. Em todas as cartas que eu lhe escrevia terminava sempre assim: para ti nina e para o nosso néné (o meu filho), penso em vós, trago-vos no coração. E para vós eu digo o mesmo, penso em vós, trago-vos no coração, sejam felizes e até para o ano.
Aproveitemos as coisas boas da vida e saibamos desfrutá-las, tais como estarmos hoje todos juntos.
Um abraço, Monteiro
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