Descrição
física e ambiente de Madina
Deixado o Destacamento de DARA, da
responsabilidade e comando da 1ª Companhia BART 6523, entramos em estrada
asfaltada e, após percorrer cerca de 5Kms, e num desvio, encontramos à direita
um caminho de terra batida, que praticamente era picada, para manter as
seguranças solicitadas por outras companhias em missão bélica.
No percurso, e de olhar desperto em
todas as direcções, uma densa vegetação nos entra pela retina visual. No meio
de variados tons de verdes, sobressaía um matizado de cores que, só um registo
digital poderá captar a sua real produção paisagística.
Pelo meio da vegetação, algumas bolanhas
onde fertilizavam as cerealiculturas indispensáveis à alimentação e
sobrevivência dos nativos.
De onde em onde, árvores de grande e
pequeno porte, apresentavam-se queimadas por terem sido atingidas por raios
fortíssimos que, durante a época das chuvas, eram normais, em simultâneo com os
vendavais, anunciadores de tempestade passageira, mas perigosa dada a baixa e
densa humidade climatérica, o que em zonas ou terrenos mais carregados de H2O,
faziam atrair o raio potenciador de destruição.
A par daqueles troncos queimados que
lhe davam uma certa e imponente beleza, outras obras arquitectónicas, os “baga-baga”, espécie de santuários
edificados por formigas vermelhas. Estavam produzidos e esculpidos em arte
tosca e natural, construídos e erguidos em tons quentes, formando como se
fossem pequenas torres dispersas, imitando castelos.
A estrada, uma picada de terra
batida, era ondulada de altos e baixos no contraste cinzento do solo nada
acidentado, mas obrigava a um movimento de olhares à densa vegetação de
arvoredo e capim.
O Outono não dava espaço à
criatividade colorida que a natureza por si mesmo criara. Tudo era e parecia
estranho àquela fértil natureza.
A par desta soberba paisagem,
entramos no quartel de Madina Mandinga, cercado de arame farpado, com holofotes
de alta voltagem e dispositivos detonantes preparados e distanciados entre si,
no sentido de garantirem uma visualização e segurança, de modo a impedir a
entrada de pessoas ou forças estranhas no recinto dos habitantes da 1ª
comp/bart 6523.
No interior da protecção metálica, (arame
farpado), o casario de cor branca, dava um ar de segurança e pacificação a quem
lá entrava. O contraste térreo da parada, dava-lhe um aspecto solene num
conjunto arquitectónico simples, coberta de chapa metálica cinzenta,
aparentando uma pequena mansão solarenga e dividida em pequenos compartimentos
que serviam de habitações, onde a Missão militar, podia em tempo certo e
oportuno, pernoitar e descansar o seu sono isento de preocupações
inexplicáveis.
As manhãs entravam cedo e, aquecidas
de humidade, provocavam corpos melados que convidavam à não apetência ao uso de
vestuário militar ou até mesmo do traje civil.
Com o andar do tempo, a adaptação
foi ocupando o gosto, o seu lugar, e a sensibilidade de se acomodarem, sendo
finalmente ajustada ao “modus vivendi”, maneiras de
viver.
O véspero era um momento
consolador de apreciação. Os seus ocasos, recheados de coloridos inesquecíveis
que nos obrigavam a refectir, pensar e admirar em jeito de contemplação, escrever
no nosso imaginário a construção de jogos de palavras associados à plástica de
pensamentos estéticos, para assim, descrever os grandes momentos inesquecíveis
que a natureza nos mostra e nos oferece, sem que tenhamos a oportunidade de
relação e de diálogo com ela, para agradecer os momentos proporcionados.
Os noctunos absorviam
vagarosamente o véspero, e era espantoso observar o lugar que um dava ao outro
sem qualquer atropelo de sobreposição, escurecendo o dia na sua totalidade para
dar lugar ao momento da noite. Era assim em Madina Mandinga.
José Graça Gaipo
Ponta Delgada-Açores,
10 Abr 2013
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