Quando eu
era criança, não entendia muito bem a Páscoa. No tempo quaresmal, e a partir do
1º domingo da Quaresma e domingo do Senhor dos Terceiros, no final da tarde, após
a procissão quaresmal, em minha casa, ao jantar, os meus pais davam-nos a prova
e saborear as primeiras amêndoas, de fabrico local, as quais, eram lisas e
coloridas, umas pequenas e outras maiores, com miolo de amendoim da região dos
Açores, embora no mercado local houvesse também outras de melhor qualidade, e
de recheio de amêndoa.
Havia também
outras iguarias da Páscoa, as “chamadas de sobremesa e caramelo, bem como os
célebres confeitos, de sabor a funcho e limão”, estas destinadas ao dia de
festa por excelência.
No meu tempo,
nada se sabia, nem era hábito em minha casa no domingo de Páscoa termos ovos de
chocolates. A minha mãe, falava-nos na sua linguagem simples, explicando a simbologia
do ovo, comparando com o nascer dos pintainhos, quando ela deitava a galinha
com os ovos, tarefa que, ela cada ano fazia para nos apercebermo-nos da vida e
da sua propagação.
Sobre os
ovos de Páscoa, falava-mos sim, mas dos folares de massa sovada, em que a minha
mãe na semana antes da festa Pascal, preparava a massa sovada, e a todos tendia
um bolinho, cada qual com o seu ovo, o chamado “tradicional folar da Páscoa”,
fazendo um folar comum para a família ou adultos.
Também nos
falava do coelhinho branco, e da sua relação com a festa dos tabernáculos da
Páscoa, dado que o coelho também se reproduz.
Mas, o que
tem a ver coelho com ovos, seus símbolos, com a ressurreição de Jesus ou a fuga
dos hebreus do Egipto comandada por Moisés?
Mais tarde, percebi
a relação de tudo isto. Os ovos são o símbolo do nascimento.
Ali dentro,
uma vida por vir ao mundo. É o eterno milagre da vida que renasce todos os
dias. O coelho é o animal que se reproduz com uma velocidade estonteante, é uma
ode à família, uma declaração de amor que a natureza faz todos dias.
Renascer é
nascer, somos nós mesmos que renascemos nos nossos filhos, é a vida que se
pereniza na prole. A fuga dos hebreus é o fim da escravidão de um povo. A
escravidão equivale à morte, porque escravizar, é tirar a vontade, a alma e a vida
a alguém que nos incomoda.
Libertar da
escravidão é viver de novo, é renascer.
Jesus é a
Ressurreição.
Este eterno
milagre que nos encanta é o milagre da vida que a Páscoa nos relembra.
FELIZ PÁSCOA
Que todos os
amigos de Madina Mandinga tenham uma Feliz e Santa Páscoa….
Que o coelhinho
a todos traga muito mais que simples ovos de chocolate…
Que uma Santa
Páscoa transporte muita saúde, felicidade, compreensão e carinho.
Que sejam todas
as famílias abençoadas por Aquele que nos deu a sua vida.
Que a nossa Páscoa seja uma taça colorida de frescas e
perfumadas rosas que, dispostas em mesa familiar e em Domingo de Ressurreição, se
tornem festim de partilha, na harmonia das iguarias deste tempo Pascal.
É o que desejo
humildemente num abraço de grande aleluia.
Feliz Páscoa.
Ponta
Delgada-Açores- 1 de Abril de 2015
José Graça
Gaipo
É sempre com deleite que se lê os escritos do Gaipo, pois são sempre uma lição. Obrigado por este escrito que é uma pedrada no charco desta pasmeceira que são as escritas que aqui se vai pondo, unicamente para manter viva a nossa união e amizade. Obrigado Gaipo e uma Feliz Páscoa.
ResponderEliminarAleluia! Aleluia! Votos de Páscoa com sentido de renovação para todos os camarigos e famílias. Abraço forte
ResponderEliminar