por José Luís Borges Rodrigues, ex. Capitão Milº.
Aos meus Leões de Madina Mandinga e a todos aqueles que por lá passaram.
Volto de novo ao vosso convívio, depois de ler e reler o maravilhoso trabalho do nosso António Costa.
Como todos os que me conhecem sabem, ainda hoje e felizmente, mantenho a chamada memória de Elefante.
Assim, acho que vos devo relembrar, seguindo a cronologia deste Artigo, alguns factos que marcaram a nossa presença.
As razões da sua existência estão muito bem expressas no Artigo, pelo que passo a relembrar o motivo que nos levou a
escolher Madina Mandinga como nosso destino:
- Modéstia à parte, como era o Capitão com melhor classificação, (por isso somos a 1.ª Cart), tive o direito de escolha e,
como também sabem que sempre fiz, achei por bem aconselhar-me com o Tio Brito, mais experiente na sua anterior
passagem pela Guiné. Optámos por Madina, calculando bem os riscos, por duas razões fundamentais que foram, ainda hoje ao
relembrar se vieram a verificar profundamente acertadas, a qualidade das instalações e, principalmente, a autonomia em termos
de vivência e criação de um espírito de grupo que, dando razão aos meus sonhos e desejos mais profundos, se transformou
de imediato naquilo que agora ainda se chama e continuará a chamar-se a FAMÍLIA DE MADINA MANDINGA.
Sobre a nossa vivência não me vou alargar muito pois todos os anos, nos nossos Convívios, nos sabe bem relembrar vezes sem
conta, repetidamente, os pequenos episódios e as muitas maluqueiras que nos ajudaram a cimentar aquilo que hoje possuímos.
Quero, no entanto, relembrar algumas coisas que fizemos e que acrescentaram um pouco de bem estar à nossa permanência:-
- Houve melhorias noutros quartos e em todas as Instalações;
- 5 furos de captação de água (nunca nos faltou);
- Instalaçao, pelo
Quinito, do sistema de electrificação da vedação, com “ Comando à Distância”, que bem nos ajudou no 1.º ataque;
- A criação da
Horta do Tio Brito que nos proporcionou legumes frescos provenientes das sementes compradas em Bafatá nas Colunas que,
para além disso, também nos aportaram alguns outros benefícios inimagináveis para aquelas paragens, tais como sopas de
feijão verde liofilizado, pescada congelada e os frangos que se assavam em metades nos bidons cortados a meio com grelhas de
aço e tabuleiros para as batatas apanharem o molho que escorria, proveniente da pasta à moda da Bairrada com que eram untados.
Lembro também com enorme saudade a “edificação” do Café da Ponte onde inevitavelmente íamos parar, principalmente aos
Domingos, depois de um grande jogo de futebol. A nossa Companhia ficou imbatível - banho, vestimenta à civil, belo almoço e então
sim a peregrinação até tão célebre Café!
Agora e em relação ao que deixámos, lembro que o projecto era a edificação de 40 tabancas, foi arranjado o espaço, desbastado o
terreno, desenhadas as fundações, mas só foi possível completar aquela fase das 16, tendo ainda ocorrido outro episódio relacionado,
do qual me lembro como se fosse hoje: - Num certo Domingo foi organizada uma Coluna proveniente de Nova Lamego a qual nos
obrigou a um redobrado esforço de segurança pois nela vinham altas individualidades civis e militares com o fim de proceder à entrega
das tão célebres Tabancas.
Chegada a altura da Cerimónia, apresentou-se o representante da D.G.S. com o intuito de ser o próprio a
fazer essa distribuição, intenção essa à qual me opus de imediato e, perante o espanto da comitiva lembrei-lhe que seria a nossa
Companhia, por meu intermédio, a efectuá-la pois só nós sabíamos quem tinha merecimento pela ajuda prestada. Perguntou-me então
o que estaria ele ali a fazer ao que respondi, pura e simplesmente: NADA!. Voltou de imediato para Nova Lamego e já não foi necessária
qualquer escolta!
Outros Tempos!
Por tudo isto e por muito mais, a que só os que por lá passaram sabem dar valor, vos digo a todos, desde a C.Caç.2315, passando pela
C.Caç.2619 os “BICO CALADO”, pela C.Cav.3406 os “CAVALEIROS DE MADINA” e por nós 1.ªC.A.R.T./ B.A.R.T. 6523 – “LEÕES DE
MADINA MANDINGA”, que Madina Mandinga não teve nem nunca terá um Fim, enquanto todos nós e aqueles que de nós descendam
saibam perpetuar as suas MEMÓRIAS.
OBRIGADO A TODOS.
O Ex- Capitão Miliciano,
José Luís Borges Rodrigues
Acabei de ler o artigo do Grande Amigo e Capitão, José Luís Borges Rodrigues.
ResponderEliminarNa verdade, para além de bem escrito, trouxe-me novidades que merecem ser registadas na minha memória.
Achei interessante a forma cronológica como tece o assunto, e a sua simplicidade de ser, e saber estar com as diferentes patentes militares e sociais, é de quem recebeu muita formação ética, de sentido e respeito por cada um de nós.
Para mim, tudo foi uma novidade, desde a razão da escolha do lugar onde iríamos habitar e permanecer até ao fim da missão.
Sempre percebi nele, que a sua preocupação era ouvir as pessoas, aconselhar-se com os que possuíam maior experiência até uma tomada de posição e decisão assertiva, de forma a que todos se sentissem confiantes.
A situação do patente DGS, ter vindo à inauguração e missão de entrega das moradias/tabancas aos nativos da zona de Madina Mandinga, foi e é, em meu entender um atrevimento daquele, daí que, a ignorância atrevida daquele senhor da dgs, ter sido em tempo muito oportuno, ser advertido assertivamente pelo José Luís, pois a presença daquele em Madina Mandinga, era nula naquele lugar, prontificando-se e convidando-se para uma missão de distribuidor e benfeitor de coisas que não lhe pertenciam.
É caso para dizer, a ignorância é muito atrevida.
Na verdade, eu desconhecia esta tomada de posição do José Luís, e com toda a razão, e por esta atitude, ainda o admiro mais.
Um abraço - José Graça Gaipo
Lendo os 2 artigos, de autoria do nosso amigo Capitão Zé Luís e do Ex. Furriel Costa, sobre o historial do nascimento da localidade de Madina Mandinga, e o respectivo aquartelamento, se deveria começar a pensar numa pequena publicação com os detalhes necessários, isto é:
ResponderEliminar1 - fazer um pequeno guião;
2 - recolher mais dados e criar a sua historia cronológica e etapas de criação e
desenvolvimento local;
3 - o esqueleto ou planta da geometria que serviu de base para a construção do
aquartelamento;
4 - a natureza dos materiais utilizados na construção;
5 - o tempo de espera da conclusão física do aquartelamento;
a) as primeiras comunidades
b) as construções das tabancas
c) os parentescos comunitários
d) a cronologia em termos temporal das companhias que por lá passaram.
Bem, eu penso que o blogue já possui matéria-prima para se começar a dimensionar a nossa história com algum pormenor, com fotos, e outras coisas que hoje em dia seriam muito importantes para nós e nossas gerações.
Aqui fica a sugestão e todos os que por lá passaram, antes de nós, também eles possam dar importantes contributos. Força e mãos à obra.
José Graça Gaipo
Em sequência ao meu comentário acerca de, "O Início mas não o FIM de Madina Mandinga", esqueceu-me fazer algumas referências sobre as muitas melhorias realizadas e qualificadas de sucesso, pois a forma colectiva, corria de bom grado para a execução de tarefas novas, às quais, o espírito de corpo estava sempre pronto a alinhar com a nossa rapaziada. Hoje, vale a pena lembrar ou recordar aqueles esforços, porque todos lucraram com uma forma de vida diferente das muitas diferentes, que seriam se estivéssemos fora do âmbito do cumprimento de missão militar. Foram momentos que muitas das vezes nos transportaram a razões e momentos diferentes.
ResponderEliminarSem dúvida, a criação de uma pequena horta, foi um bem primário para variação da nossa alimentação diária. Tendo em conta que outras melhorias neste campo seriam adquiridas e com sucesso na qualificação e variação na confecção culinária, que para a sua permanência, valeu muito a pena caminhar longos kilómetros na busca dos haveres para que nada faltasse em quantidade e qualidade. Há que fazer justiça e lembrar sempre os que mais se preocupavam com o nosso bem-estar diário, alimentando bem o físico, e ele corresponder às nossa emoções no tempo bélico em missão.
A captação das águas, tinha razão de ser, pois um corpo bem alimentado e mal cheiroso, não é grande coisa, e para que ninguém se distanciasse, ela ( água), embora não sendo a melhor, era um santo remédio para lavar não só o corpo, mas também o espirito.
Quanto às melhorias de conjunto e de forma particular, era de facto o resultado das convicções que cada um procurava realizar de forma a potenciar o seu bem-estar, criando espaços e lugares ao seu próprio lazer, uma vez que estavam limitadas as mais adversas formas do querer e poder realizar novas criatividades.
O desporto, era no geral o potenciar mostrarmos as nossas habilidades, cada qual à sua maneira, sendo também uma forma de exteriorizar com boas gargalhadas coisas não bem concretizadas do excesso de habilidade futebolística como variadas vezes aconteceu com o nosso bom amigo Pastilhas, com pernas tão magricelas e corpo a contorcer-se de fintas, em que ele próprio se fintava, e deixava caídos os outros com seus labarismos. Aí, o tio Brito, dizia, "grande maluca", ela põe todos hipnotizados com aquela troca de pernas.
Bom já vou longo no meu comentário, outro seguirá mais adiante.
Um abraço amigo, Jose Graça Gaipo