domingo, 24 de novembro de 2013

FALAR A UM AMIGO

Diz o ditado "NÃO PODEMOS DEIXAR CRESCER AS ERVAS NO CAMINHO QUE NOS LEVA A CASA DE UM AMIGO - eles são familiares que nós escolhemos".
Camarigos de Madina, irmãos, perguntam vocês; porquê este começo? O "Manhiça" está a ficar "XONÉ"?
Não, não estou, mas há momentos em que penso o quanto será, ou melhor é penoso para alguns companheiros estarem sós. A SOLIDÃO É UM PRAZER QUANDO É UMA ESCOLHA; MAS A SOLIDÃO É UM TORMENTO QUANDO NOS É IMPOSTA. 
Camarigos, pensando nisto de vez em quando, pego no telefone e dou uma palavra a um amigo, a um companheiro, a um Camarigo, enfim a um IRMÃO, e digo-vos, sabe bem ouvir e ser ouvido por uma voz Amiga, porque no desenvolver da conversa, onde se fala de tudo, vem sempre ao de cima a nossa amizade.
Ainda esta semana, peguei no telefone e marquei o número de um amigo nosso, que por várias vicissitudes da vida é um homem só e senti o quanto nos fez bem falarmos. Foi um momento de reencontro e de alegria os 15 minutos de conversa. Falamos de tudo, dos tempos idos, pois quando dois ou mais ex-combatentes se encontram vem sempre à conversa os tempos que passamos no Ultramar. As recordações desfiaram como contas de um rosário, falamos do presente e deixamos em aberto tudo, pois o futuro pertence àqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos.
Camarigos de Madina, se é FÁCIL RECEBER, DIFÍCIL É DAR, por isso mesmo, vamos dar um pouco de solidariedade e conversar com um amigo de Madina sempre que seja mais oportuno, pois temos de demonstrar-lhe o quanto ele é importante para nós, e com este gesto FAZER MAIS COM MENOS. 
Camarigos de Madina, temos de nos interessar pelos nossos amigos, cultivar a amizade, pois é um sentimento que é como o café UMA VEZ FRIO, NUNCA VOLTA AO SABOR ORIGINAL, MESMO AQUECIDO. 
Amigos, falem, sejam presentes, até porque estamos naquela fase em que SE TEM MAIS ALEGRIA DO PASSADO DO QUE PELO FUTURO. Já ficou para trás a fase da loucura que foi a nossa juventude, já também passou a época da maturidade que era uma luta, agora é a fase em que temos de ser felizes, mesmo que tenhamos de fazer de cada momento um momento especial. Camaradas de Madina, são estes estados de espírito que me fazem passar para o Blog o que me vai na alma, pois TODA A RECORDAÇÃO É MELANCÓLICA, MAS EM CONTRAPARTIDA TODA A ESPERANÇA É ALEGRE, e como tal aguardo e sei que a vossa resposta será presente, tal como é apanágio da 1ªCart/Bart6523. 
Vamos apoiar o colega e camarada, porque VIVER É A ARTE DE SORRIR QUANDO A VIDA NOS DIZ NÃO. Até mais, fiquem bem e um bem hajam.
Monteiro (Manhiça).

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Pensamentos

Aos Camarigos de Madina:
Mais um momento de melancolia nesta manhã com um sol outonal, mas lindo e quente. Da minha janela, vejo o amarelo/castanho das folhas que se vão desligando da mãe árvore, seguindo o ciclo biológico da natureza, deixando atrás de si um rasto de beleza e tristeza pelo desnudar de tão frondosas árvores. É a vida e como tal dou comigo a recordar os momentos de nostalgia e saudade que tão longe dos nossos ente queridos passamos.
É costume dizer-se que as saudades são as memórias dos nossos corações, e é verdade, pois quando nos assaltam as saudades, vem um não sei o quê do coração que nos deixa eufóricos quando são de esperança, tristes quando sabemos que já não voltam, ansiosos quando sabemos que eles chegarão.
São sentimentos destes que me invadem quando recordo Madina e tudo de bom e mau que lá passamos, mas que com a força da nossa juventude lá ultrapassamos todos esses momentos.
Para mim e para todos, o tempo lá passado, foi um marco nas nossas vidas, pois aprendemos a crescer e a sermos homens e, acima de tudo, aprendemos a criar uma amizade que vai perdurar para  todo o sempre, pois a amizade do Combatente é forjada na temperança, do querer, do saber, da alegria, da tristeza, do medo e da honra, e é essa amizade que não me canso de dar loas ao mundo, pois todos vocês constituem a grande família que eu quis, "porque um irmão pode ser não ser um amigo, mas um amigo será sempre um irmão" (Benjamim Franklim).
Camarigos, é sempre reconfortante passar para o papel, as nossas vivências por terras africanas, puxar a cassete atrás e vivermos o que já vivemos, isto é vida, recordar as histórias que vivemos, episódios grotescos e hilariantes, que só a juventude nos permitia fazê-los e vive-los.
As noites de luar, passadas junto à vala, onde se falava de tudo e como tal, vinha sempre à baila as namoradas, os filhos, as mulheres, os pais, a ausência da festa de anos, a festa da aldeia, o Natal que seria passado no aconchego da nossa casa, enfim eram daqueles momentos em que, como diz o ditado - se à noite chorares pelo sol, não verás a beleza das estrelas - e por isso muitas das  vezes o nosso choro foi no seio do nosso quarto, no espaço da nossa cama com o conforto do camarigo mais próximo o qual tudo nos aturava e nada pedia em troca. Por isso e não só mas também eu lhes digo que o tempo vai, só não leva o que a mente guarda, vou lembrar os vossos sorrisos para sempre.
E agora Camarigo de Madina meu irmão, por ser tão sublime vou ouvir o barulho do silêncio e recordar mais...
Fiquem bem, um abraço
Monteiro (Manhiça)