sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Pensamentos

Aos Camarigos de Madina:
Mais um momento de melancolia nesta manhã com um sol outonal, mas lindo e quente. Da minha janela, vejo o amarelo/castanho das folhas que se vão desligando da mãe árvore, seguindo o ciclo biológico da natureza, deixando atrás de si um rasto de beleza e tristeza pelo desnudar de tão frondosas árvores. É a vida e como tal dou comigo a recordar os momentos de nostalgia e saudade que tão longe dos nossos ente queridos passamos.
É costume dizer-se que as saudades são as memórias dos nossos corações, e é verdade, pois quando nos assaltam as saudades, vem um não sei o quê do coração que nos deixa eufóricos quando são de esperança, tristes quando sabemos que já não voltam, ansiosos quando sabemos que eles chegarão.
São sentimentos destes que me invadem quando recordo Madina e tudo de bom e mau que lá passamos, mas que com a força da nossa juventude lá ultrapassamos todos esses momentos.
Para mim e para todos, o tempo lá passado, foi um marco nas nossas vidas, pois aprendemos a crescer e a sermos homens e, acima de tudo, aprendemos a criar uma amizade que vai perdurar para  todo o sempre, pois a amizade do Combatente é forjada na temperança, do querer, do saber, da alegria, da tristeza, do medo e da honra, e é essa amizade que não me canso de dar loas ao mundo, pois todos vocês constituem a grande família que eu quis, "porque um irmão pode ser não ser um amigo, mas um amigo será sempre um irmão" (Benjamim Franklim).
Camarigos, é sempre reconfortante passar para o papel, as nossas vivências por terras africanas, puxar a cassete atrás e vivermos o que já vivemos, isto é vida, recordar as histórias que vivemos, episódios grotescos e hilariantes, que só a juventude nos permitia fazê-los e vive-los.
As noites de luar, passadas junto à vala, onde se falava de tudo e como tal, vinha sempre à baila as namoradas, os filhos, as mulheres, os pais, a ausência da festa de anos, a festa da aldeia, o Natal que seria passado no aconchego da nossa casa, enfim eram daqueles momentos em que, como diz o ditado - se à noite chorares pelo sol, não verás a beleza das estrelas - e por isso muitas das  vezes o nosso choro foi no seio do nosso quarto, no espaço da nossa cama com o conforto do camarigo mais próximo o qual tudo nos aturava e nada pedia em troca. Por isso e não só mas também eu lhes digo que o tempo vai, só não leva o que a mente guarda, vou lembrar os vossos sorrisos para sempre.
E agora Camarigo de Madina meu irmão, por ser tão sublime vou ouvir o barulho do silêncio e recordar mais...
Fiquem bem, um abraço
Monteiro (Manhiça)

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