Na Era do nosso tempo, na Província da Guiné
Madina Mandinga
Abril, é o mês quarto de cada ano, tempo em que a primavera desponta os seus primeiros verdes, e com eles, as cores e os cheiros que se esvoaçam na atmosfera ambiental, anunciando as primeiras flores que se transformam em frutos de nova geração.
Abril de 1974, despontou e despertou novos rumos aos que, (in) clausurados por arames farpados, (in) conscientes, se foram da lei militar libertando, deixando adormecidas as armas, que estendidas no chão, ficaram inertes na espera da nova esperança.
O sol, das manhãs de Abril, apareceram brilhando mais claras, mas o calor humedecido pela têmpera geográfica, estas mantinham-se como as demais em cada tempo de passagem e de espera.
As fileiras de notícias verdes e ramos vermelhos de cravos acalorados, apenas foram surgindo através de comunicações/notícias, que no longe, transpuseram ao nosso imaginário sinais e cenários contemporâneos, deixando nas clareiras de céu aberto, as armas que continham a força e o desespero de tudo libertar, colocando no obscuro e na distância, a vingança do inimigo, que na sua mensagem diária, trazia a destruição expressa do mote, o apontador da morte.
Nos actos de liberdade, há sempre lugar a momentos estranhos com direcções incertas abatendo homens límpidos de viver e construir sonhos sonhados e (in) pensados.
A certeza dos actos, são tempos que marcam os projectos de vida e de construção, para dar lugar a outros viventes.
Sentir Abril, é um mês que marcou gerações passadas, presentes e contemporâneas, que na sua percepção exprimem contornos de linguagens de variados estilos e sensações cromáticas.
Hoje, Abril, parece desfigurado e desvalorizado para os fins a que foi criado ou nascido, porque as instituições estatais ainda não entenderam os esforços de um povo em reabilitar a democracia adormecida durante uma quarentena de anos.
Abril, ainda é tempo, é um mês criativo de ser pintado de verdes e vermelhos em todas as direcções do registo que aponta os pontos cardeais, não fazendo distinções de povos, raças e línguas e diferenças sociais.
O espírito de Abril, é um arco-íris que penetra na atmosfera recebendo a luz solar humedecida para tornar mais clara a luz branca, que, a humanidade necessita para criar uma nova atmosfera da vida colorida, pintando no céu sem qualquer esquadria, o célebre arco-íris, visível a todos em larga distância, anunciando que a bruma cinzenta se faz clara e renovada.
Sem Abril e sem luz, o caminho aberto à visão do pensamento não teve a percepção do flagelo da vida, que nos anos de ditadura, criaram ambientes confrangedores alimentando os movimentos antinacionais.
Abril, nasce todos os anos, e cada um a seu tempo, mais desgastado dos seus intrínsecos valores nacionais que aprendemos na geografia e história de um património cultural, muito destruído.
José Graça Gaipo
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