sábado, 19 de maio de 2012

OS CONSTRUTORES

Pois, Pois; J.Pimenta, este era o slogan do grande construtor de obras que pontificava antes do 25 de Abril, hoje seria o BOBY, o Construtor. Mas em Madina pontificava o grande construtor Alferes Teixeira, oficial responsável pela construção de casas sociais (tabancas) para a população local. Este era coadjuvado pelo polivalente e sobredotado capataz o Furriel Quinito.
Os materiais que eram aplicados na construção e edificação de tais moradias, regiam-se pela mesma tipologia, blocos de adobe, caibros  em madeira e coberturas de chapa de zinco (manga de ronco).
 
Os trabalhos eram efectuados, à vez, pelos vários pelotões que constituíam a companhia e eram acompanhados por um Furriel que fazia de capataz ou sub-empreiteiro.
Ainda hoje me interrogo o porquê de tantos atributos e  regalias do Furriel Quinito. Penso que só lhe faltou ser comandante de companhia. Ele estava metido em tudo, excepto patrulhas, colunas, picadas e afins. Seria um ser Superior para ter tantos atributos? Não sei, mas cá para mim tudo se resumia ao Padrinho chamado "Ti Brito", que qual padrinho da máfia, tipo D.Corlleone que tudo dominava e tudo sabia. A sua rede de informadores era vasta e profícua. Infelizes os desventurados e desalinhados, pois tudo faziam e nada beneficiavam mas, haja Deus, tudo passou e não à ressentimentos mas apenas desabafos de uns velhos a quem já falta a Razão e só lhes sobra a Paixão.
Este condomínio de luxo foi muito importante para o construtor Quinas, pois ele mais do que todos, tinha grande satisfação ao admirar e ser elogiado pela obra dos outros, porque era mais fácil e cómodo essa admiração do que trabalhar. Ver era muito bom e isso ele sabia fazer, mas para nós simples terráqueos, comandados por forças tenebrosas e obscuras o trabalho, só por si, não mais era do que uma triste canção, o protesto do fraco contra o forte.
Debaixo de um sol abrasador, tudo aguentamos, pois só dos duros reza a história e tínhamos sempre presente o dever.
 
Muita coisa se passou, fizemos o que pudemos, ainda mais se falou, porque nos pediram e nós demos.
Esta foi uma das etapas da nossa saga por África em terras de Madina e que quer queiramos ou não, faz parte das nossa existência e tenhamos presente que : A VIDA É UMA VIAGEM POR MAR - HÁ DIAS DE CALMARIA E DIAS DE TEMPESTADE. O IMPORTANTE É SER O CAPITÃO DO NOSSO NAVIO.
Camarigos, por hoje é tudo, fico convosco no coração e eu vou andar por aí, ao contrário do jovem mancebo ««fotografia abaixo»», que está a descansar encostado a uma parede da tabanca, acabada de construir pelo pessoal trabalhador.
Um forte abraço do Monteiro ( manhiça ).

segunda-feira, 14 de maio de 2012

LA BELLE CUISINE DE MADINA

                                          LES GRAND CHEFES
Camarigos de Madina, é sempre com enorme alegria que tento passar para os nossos "escritos", assim tenha engenho e arte, factos e lembranças que nos façam reviver com emoção, amor e quiçá com paixão, o que de bom e salutar passamos em Madina.
Hoje vamos relembrar e homenagear uma "CASTA" de companheiros que sempre zelou, amparou e tratou da nossa subsistência. Falo dos nossos Cozinheiros, Padeiros, Cantineiros e de todos quantos trabalhavam e cuidavam da alimentação de todos nós. Homens que sempre tiveram a sabedoria e o engenho de: DO POUCO FAZEREM MUITO E BEM.
 
 Tudo eles sabiam cozinhar -  batatas, couves, cenouras, carne de vaca ou frango, arroz e muito arroz, manteiga, marmelada e casqueiro, café negro e saboroso, tudo fresco e na hora. Pouca coisa nos faltou, qual hotel da capital, tudo era comido e apreciado, isto devido à excelência  da confecção.
- PETISCOS E BOA MESA, TUDO ELES COZINHAVAM, FOSSE PARA O CAPITÃO OU SOLDADO, TODOS COMIAM E GOSTAVAM - 
Em dia de reabastecimento, (ovos, frangos, couves e batatas), notando-se a falta de frios, comia-se com abastança, frango assado no forno e outras iguarias, pois o malogrado Ventura nisso era mestre.
Nas minhas recordações é sempre com emoção que falo dos cozinheiros, pois tive sempre uma relação de grande cumplicidade, não só com o Ventura mas também com o desaparecido Lemos, cozinheiro da messe. Era frequente, senão diário, após um jogo de futebol e depois de um banho retemperador, ir junto do Ventura e pedir-lhe para grelhar um bife na chapa que depois seria deglutinado dentro de um casqueiro e regado com duas cervejas, repasto que serviria para dar alento e vigor para as tarefas que se pudessem deparar durante o resto do dia.
Era gratificante ter por companheiros, rapazes tão generosos e amigos, por isso um bem hajam e para os que desta vida já partiram, ficam as nossas saudades, o nosso lamento e a nossa tristeza, mas com a certeza que estarão no reino dos justos, junto do Criador, pois serão sempre lembrados.

Eis os nossos homens hoje recordados:

- Furriel José Luís Costa Freitas – vagomestre

Cozinheiros

- 1º Cabo António José Ventura Oliveira – já falecido
- Soldado José de Bastos Martins – já falecido
- Soldado António dos Santos
- Soldado António de Jesus Oliveira - incontactável (alguém sabe dele?)

Padeiros

- 1º Cabo José Carlos Conceição Martins - incontactável (alguém sabe dele?)
- Soldado José dos Santos Sousa – atirador  (colocado na padaria)

Messe

- Soldado Fernando Maia da Cunha – atirador – já falecido (colocado na messe)
- Soldado Manuel Domingues Silva Camelo – atirador (colocado na messe)
- Soldado Domingos Júlio Fernandes Lemos – atirador (cozinheiro da messe) 

                        trabalhava no Hotel de Ofir - incontactável (alguém sabe dele?)
- Soldado Eugénio Ferreira Pinto de Moura – transmissões (colocado na messe)
- Soldado António Santos Gaspar – clarim (colocado na messe)

Cantina

- 1º Cabo Artur Aníbal Pereira Pinto – atirador (colocado na cantina)
- 1º Cabo Arlindo Carvalho Costa Janeiro – atirador (colocado na cantina)
- Soldado Domingos José Teixeira – atirador – já falecido  (colocado na cantina)
                         Por tudo, bem hajam e um forte abraço: Monteiro (Manhiça)

sábado, 5 de maio de 2012

ÀS MÃES

                             "TUDO É INCERTO, EXCEPTO O AMOR DE MÃE"
Amo-te MÃE; é normal dizer que as saudades são as memórias do nosso coração e é verdade, pois tenho saudades de afagar os teus cabelos brancos, sentir nas minhas mãos os sulcos rugosos da pele do teu rosto e que foram fruto das agruras da vida.
MÃE foste o porto seguro que me acolheu em momentos de tormenta, foste a amiga e confidente nos momentos de confidencia. Tenho saudades do teu sorriso e da bondade que emanavas no teu olhar. Sinto saudades do aconchego dos teus abraços.
Para ti MÃE o meu obrigado, pois o maior legado que me deixas-te, foi o exemplo da tua vida.
Para todas as MÃES dos Camarigos de Madina e que afortunadamente ainda lhes podem dizer nos olhos AMO-TE MÃE, damos-lhes um beijo de felicitações e tenham a certeza que estarão sempre nas nossas preces  e orações. Para as que já partiram e que deixaram um vazio que jamais será preenchido, pedimos a Deus para que a Luz eterna as acompanhe na companhia do Senhor.

Saudosa e querida mãe, tenho-te no pensamento e estás sempre no meu coração.
Do teu filho, Monteiro (manhiça )