sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

FELIZ ANO 2013

CAMARIGOS DE MADINA

Caros companheiros, alguém disse um dia "A RIQUEZA DE UM HOMEM, MEDE-SE PELA QUANTIDADE E QUALIDADE DOS AMIGOS QUE TEM"  -  obrigado §POR FAZEREM PARTE DA MINHA RIQUEZA§.

Familia de Madina, quero para os bons momentos desejar-vos GRATIDÃO; para os maus momentos ESPERANÇA; para cada dia UMA ILUSÃO; e sempre, mas sempre FELICIDADE.
 
Que o Novo Ano que ora se aproxima tenha o dão de materializar todos os vossos sonhos e ansiedades em REALIDADES.  Sejam felizes e votos de um  BOM ANO
Monteiro ( Manhiça )

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Madina Mandinga-Dia de Natal 1973



25 de Dezembro de 1973
O Meu Natal
 por José Graça Gaipo
A ceia de natal ou consoada havia terminado.
A meia-noite, com a sua escuridão e sem brilho inóspito, despertou sem cantos natalícios, sem anúncios instrumentais sonoros, sem anjos, sem pastores e sem algazarras festivas.
Nos campanários, os sinos, não soaram seus repicos especiais e festivos para a tradicional festividade.
Tudo estava distante sem cor, sem brilho e som. O movimento da noite parou para dar lugar ao escuro do silêncio que cada um e à sua maneira guardou na arca do seu coração.
O silêncio  quebrou o tempo de espera e abriu o tesouro que o coração tinha guardado, para então, expor o seu natal.
A caserna, estava escurecida ao claro som de uma pequena chama remetida a um canto para evitar, na distância nocturna, qualquer atenção que fora do tempo retirasse ao meu pensamento a tranquilidade necessária à reposição do meu natal com presépio, pastores e Reis magos.

Assim, e em lugar recatado, a um canto do meu quarto, havia preparado o meu cadeirão feito de rijas tiras de palmeira, comprado a um nativo que o havia feito. Decorei-o com dois bonitos e emaranhados panos de tradição  africana. predispondo-me ao convite para, comodamente, sentar-me e passar a noite mais esperada em terras da Guiné.
Bem recostado no silêncio da noite, de olhos abertos e, semi-cerrados de vez em quando, reflectia sobre aquele que seria o meu  natal, sem presépio e isento de figuras.
Sentado, imaginava e cantava no interior de mim mesmo as melodias de Natal, carregadas de mensagens e de sentimentos que a tradição nunca apagou nem apagará o meu imaginário de vivências natalícias.

Contemplando os posters de cartolina branca, executados com singelos e simples traços a negro, debruado a vermelho, colados a uma pequena e improvisada estante de parede, onde reproduziam ou assinalavam motivos de mensagem invocatória de “Boas Festas e Feliz Natal”.
Ao meu imaginário, faltava a minha construção criativa, o ambiente próprio, o presépio que, desde menino em minha casa, preparava de feição com a minha mãe e irmãos, e que mais tarde, já adulto, ficou à minha responsabilidade.

Naquela noite, a quietude assolava o meu coração que questionava as muitas e supostas interrogativas que, o tempo proporcionava na rotina das minhas tradições e vivências natalícias.
 
 [o meu presépio na minha casa da ilha]
Será, que na ilha e em casa, a minha ausência não deu lugar ao meu presépio?
Será,  que as luzes e a árvore de natal, foram recostadas  e deixaram de ter lugar?
Será, que hoje, e nesta noite  de natal, não brindaram a mijinha do Menino, em casa da família e amigos?
E neste interrogar de coisas e lembranças, sempre a ocupar o meu espaço espiritual,  passei  ao silêncio, a cantarolar o que do mais belo canto e encanto musical natalício,  me fazia enriquecer, desenhando no meu espaço imaginário,  o lugar à construção de um fundo escuro, sobressaindo uma tosca janela sem esquadria, de fingidos vidros, pincelados de azul e estrelas reluzentes e brilhantes, reflectindo a luz em seus  umbrais, coloridos e pintados de tons quentes, de contornos terra, que os tornavam relevantes e expressivos de arte, antecedido e ornamentado por um pórtico  desalinhado e tosco, onde estariam dispostas, as figuras  principais e representativas, recriando em formato de quadro, um género de fresco, como que retratando um cenário, da noite, em Belém de Judá.

Como elemento decorativo, não poderia faltar a célebre cidade de Belém, cartonada em tons  e tamanhos proporcionados às personagens figurativas imaginadas, fazendo sobressair os animais como elementos indispensáveis ao ambiente de um estábulo que acolheu a família de Nazaré.
O chão do presépio, ornamentado de ervilhaca, milho, trigo, alpista e outros cereais que, por tradição , são semeados em pequenos recipientes de barro, em véspera de Santa Luzia, dia 12 de Dezembro, para que na noite de natal, se mostrem viçosos e orvalhados de pequenas gotas de água transparentes que, colocados ou dispostos em espaços assimétricos, recrie com alguma beleza natural, o símbolo da vida, e no brilho da noite, a pequena chama intercalar de pequenos lampadários  alimentados por uma acendalha de pavio, sobre o azeite.
Como foi diferente a minha noite de natal, que na distância teve um lugar e um nascimento diferente dos muitos passados em seio familiar.
No escuro da noite, a ausência do luzeiro astro teimava em esconder a sua luz para que  não brilhasse aos olhos do coração humano.

Em cada um de nós, um sentimento novo e saudoso nasceu, não em estábulo, mas   num aquartelamento rodeado de arame farpado, com focos de luz, direccionados para o exterior, na intenção de encandear possíveis visitantes nocturnos, inimigos  inesperados, cheios de forças bélicas.
A noite de natal, avançava, sossegada e desprovida de sobressaltos.
O despontar da aurora,  fazia aproximar o despertar  do dia, em que o brilho da luz solar, de novo voltava na sua rotina intensa para clarear  e aquecer o solo de Madina Mandinga.
Suas gentes, com rostos alegres, intencionados de gestos e desejos de felicitações, Boas Festas, trajavam  aperaltados em vistosas roupagens de há muito guardadas  para um momento muito especial, “o Tempo do Natal”.

O novo dia, pareceu diferente em muitos aspectos, mas muito igual nos formalismos de responsabilidade  diária, atribuído de maior sentido e cuidado de alerta a perigos  vários e  de intervenção inesperada.
A atmosfera local, parecia aromática e festiva, mas nos rostos, os olhares traziam  alguma apreensão de saudosismo, colocando o pensamento à distância numa atitude de espera, qual prenda de natal, não recebida em tempo certo, viesse preencher o vazio da Noite Feliz, sem pinheirinho de natal, despido de coloridos e graciosos ornamentos.
Na minha contemplação imaginária, os cânticos natalícios, circundavam em velocidade o mesmo espírito, onde as várias melodias se sobreponham e, de forma especial, as mais tradicionais “Adeste Fideles, Noite Feliz, Brilhou na Noite Escura, Noite Gelada Menino”, etc....
De boca cerrada e em silêncio, de olhos lacrimosos e fixos no imaginário, foram entoadas as mais diversas harmonias, cada uma, esperando a tonalidade da sua mensagem.
O Canto natalício, preencheu o meu vazio da noite e dia de Natal, na espera do novo ano, que a todos trouxesse a Paz há muito tempo invocada e desejada pela humanidade, e que o ciclo do natal, tivesse a sua continuidade com a celebração da festa da Epifania, ou dos Reis, e finalizar com as estrelas, o ciclo natalício, em que o profeta Semião, ao tomar o Menino Deus em suas mãos, pronunciou:
Senhor, hoje, os meus olhos viram a Salvação.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

África-Madina Mandinga-Guiné


 por José Graça Gaipo 
A Véspera de Natal
24 de Dezembro de 1973

Em Madina Mandinga, o raiar da aurora, despontou em crepúsculo, pincelado de tons solares quentes, como que a esconder o fim do ciclo do Advento.
A manhã, parecia uma autêntica festa boreal anunciando o grande luzeiro de há muito proclamado pelo  profeta Isaías.
A manhã do dia 24, parecia alongar-se no tempo e, ansiosos, em azáfama desenfreada de rostos sorridentes, pronunciavam de suas bocas, conversas carregadas de sentimentos e lembranças natalícias.
No espírito de cada um, transparecia alguma preocupação, a data de 24, a qual, se pretendia festejar  e celebrar sem qualquer tropelia bélica em tempo e local inesperado.
Entre a malta, os avisos eram visíveis de  preocupação, porque a vigilância, além de importantíssima, merecia  atenção redobrada, cuidado e zelo, considerando-se os possíveis excessos de cada um, na forma como festejaria  o Natal.

A tarde, esta começava  com uma acção humana de movimentos e serviços de naturezas diferentes, mas comuns, enquanto outros, eram encarregues da organização dos  haveres comestíveis em preparação, pelo que outros ainda, ajustavam as mesas, ditadas à decoração com as diversas iguarias da época, já preparadas e recebidas, dos mais diferentes lugares.
Os estados de espírito humano, eram notórios e, revelavam maior afectividade e companheirismo comunitário, em que pronunciavam as cordiais e milenárias palavras de - Boas Festas e Feliz Natal.

O pôr-do-sol, na zona de Madina Mandinga, aproximou-se  e esvaíu-se no horizonte para dar lugar ao luz que fusco de mais uma noite, caracterizada de  especial relevância, que a distância do tempo /e fuso horário, anunciaria bem cedo, a vigília do natal.
Na parada do aquartelamento, era bem visível o aparato desigual de movimentos, de partilha invulgar, não havendo sinais de prendas  nem  embrulhos coloridos de mão em mão, como é usual e costume na nossa tradição portuguesa naquela noite, mas apenas, a preparação de  uma organizada e especial ceia de natal em hora antecipada, bem recheada de iguarias alimentares de, cabrito assado, galinha, gazela, e outros animais de criação doméstica, e campestre, adquirida de forma amiga e conjunta.

Entre o final da tarde e o anoitecer, lá se iniciou o festado jantar especial, para que a passagem  da escura noite de 24 para 25, fosse  brindada na alegre saudação  ao Deus Infante nascido.

A “messe de oficiais e sargentos”,  de Madina Mandinga, também não saíra da tonalidade festiva, tendo as mesas decoradas  e apetrechadas de iguarias ligadas à tradicional celebração  natalícia.
Dada a diferença horária, de acordo com o rigor e enquadramento do fuso horário da Guiné, eram indispensáveis os mais cautelosos cuidados de redobrada atenção, pois o tempo festivo  que atravessávamos, era propício à ocasião bélica.
Com alguma emoção e tranquilidade, o Capitão Miliciano José Luís Borges Rodrigues, e na forma improvisada, de mensagem e significado, teceu algumas palavras que tornaram aquele momento muito festivo.
O tom  solene e especial da sua mensagem, de certo que, a todos tocou bem fundo o coração do homem, que só a vergonha e respeito humano, deixou todos de cabisbaixos por alguns momentos, para que as lágrimas do desejo e saudade, não turvassem os olhares  brilhantes e humedecidos das lágrimas que escorreram em gota suave e tranquila  face do rosto, de cada um.
Após aquele momento introdutório, os olhares cruzados, com sorrisos nos lábios e de frontes erguidas, de copos na mão, foi servido o Gin tónico, com gelo e água perrier, brindando-se de forma particular aos mais variados desejos, interiormente invocados.
Fez-se uma pausa para a degustação dos aperitivos, seguindo-se a tão desejada ceia de natal, a qual, foi participada com a maior alegria no comes e bebes, mas também partilhada  e confraternizada com a necessária serenidade e responsabilidade de quantos a celebravam.
Chegadas as zero horas, dentro da simplicidade  sem devaneios e excessos, brindou-se por algum tempo a  Grande e Bela Noite de Natal, em Madina Madinga.
Após este momento precioso e desigual, deu-se continuidade à rotina da noite reforçando os lugares estratégicos com o descanso de algumas horas de sono, até que raiasse a aurora do novo dia.
Foi assim o primeiro Natal em Madina Mandinga, celebrado na data de 24/25 de  Dezembro de 1973 (já lá vão 39 anos).

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

SANTO E FELIZ NATAL - 2012

Camarigos e família de Madina, quero expressar a minha alegria e dizer-vos o quanto vos estou grato, por ter a sorte e o privilégio de desfrutar convosco mais uma festa natalícia.
Tenho a certeza que a nossa amizade é, como as estrelas, mesmo à distância brilha e se fortalece. Camarigos - amigos como vocês são difíceis de encontrar, mas acima de tudo são impossíveis de esquecer.

Nestra quadra de Paz peço ao Senhor que, ainda melhor do que todas as prendas, a vossa família esteja de saúde e sinta a felicidade.
Camarigos, tenhamos um momento de recolha e oração por todos os companheiros já falecidos e de certeza que os nossos pensamentos estarão com as famílias enlutadas.
Neste Natal, façamos um pouco de caridade e mesmo do pouco que possamos ter, vamos dar um bocado a quem tem menos do que nós.

Para toda a família de Madina Mandinga BOAS FESTAS NATALÍCIAS

Um abraço Monteiro (Manhiça).