sábado, 22 de março de 2014

Retalhos de Madina - A LENHA

Camarigos, hoje nos retalhos de Madina, vamos falar de uma das tarefas que estava nos nossos afazeres diários. O pelotão que estivesse de serviço ao quartel tinha de destacar uma secção, comandada por um FurMil., para se deslocar para fora do aquartelamento de Madina, fazer o corte e recolha de lenha, para alimentar as lareiras e os fornos onde eram confeccionadas as nossas refeições.
Se nesse dia a picada já tivesse sido feita (verificação de minas pelos picadores), a recolha da lenha era num local mais afastado, caso contrário seria mais próximo ao aquartelamento. 
Era uma das tarefas que, sendo relativamente fácil, não era destituída de perigos, pois os nossos "amigos do PAIGC" de quando em vez lembravam-se de deixar umas "prendas" para o pessoal ter presente o local onde nos encontrávamos. Felizmente no nosso "Resort" e locais adjacentes nunca tivemos dessas ditas "prendas", pois eles sabiam que a lenha também servia para que as suas crianças tivessem umas refeições melhoradas.
Nesta tarefa diária de arranjar lenha ouve diversas situações caricatas e uma delas passou-se com este vosso Camarigo.
Numa dessas saídas, lá tive eu de dar corda às botas, pois o meu irmão Madrugo, por qualquer motivo não foi no meu lugar e então, pobre de mim, certamente ainda em grande ressaca por uma noite mal dormida e com os vapores etílicos povoando todo o meu ser, lá segui.
Tínhamos um condutor que por alcunha era chamado de "Farturas", entretanto já falecido, que era um bocado passado dos carretos e então certo dia, calcorreando aqueles caminhos onde a terra exala um perfume inebriante e intenso, fomos dar a um local onde existia a madeira que servia os nossos propósitos.
Iniciados os trabalhos do abate das árvores e como o material de corte (serrotes e machados) não cortavam quase nada, o dito Farturas num rápido flasch de desenrascanço, lembrou-se de dizer a um Camarigo para subir à árvore, que era de médio porte, e amarrasse o guincho do Unimog e assim a árvore partiria. Mas qual quê!...  o Unimog em vez de tombar a árvore começou a subir a mesma e quando demos por isso já o veículo estava no ar.
 
Como podem imaginar foi um delírio com tal façanha. Passados uns momentos lá tivemos de procurar outro local e então sim terminar a tarefa para a qual tínhamos saído.
Por hoje é tudo, fiquem bem. Um forte abraço
Monteiro (Manhiça)