segunda-feira, 13 de abril de 2015

O PÃO de Madina

A equipa de padeiros era constituída pelo especialista 1º Cabo Martins e pelos ajudantes Sousa, Fuzeta e Martins.
Mais uma história, do dia a dia da nossa saga por terras Africanas, em chão Mandinga, nos anos longínquos de 73/74. 
Desta vez, os protagonistas são 4 homens que na sua vertente civil, o mais próximo que estiveram dum forno foi nas padarias das suas aldeias, pois nenhum deles era padeiro profissional ou amador, mas que na sagacidade de alguém foram escolhidos para serem os padeiros da companhia.
Em boa hora foram eleitos, pois cumpriram com zelo, eficácia, brio e profissionalismo a missão que lhes foi imposta. É de realçar a qualidade do pão que lá comíamos.
Mas, como tudo na vida tem um começo, a elaboração do pão tinha o seu início pelas 3,30 horas da matina e essa tarefa era executada, com mestria e zelo, pelo Sousa o "Padeiro", um dos tais que foi arregimentado para a padaria. Ele era o técnico do forno e disso se gabava.
A dita tarefa consistia em acender o forno com a lenha que era diariamente apanhada pelos soldados que estavam adstritos a esse serviço. O forno tinha que estar bem quente de modo a atingir a temperatura ideal para cozer o pão.
Mais tarde lá se punha a farinha na maceira, com o "crescendo" e mais os outros ingredientes e toca a amassar para que levedasse e fosse para o forno.
Entre as 6 e as 6,30 horas, começavam a sair os primeiros pães, (quantas vezes comi desta primeira fornada, quando vinha da escola depois de uma noite mal dormida).
Eram várias as fornadas, pois diariamente saíam do forno 180 pães, denominados casqueiros. A tarefa dos padeiros terminava pelas 9 horas e depois disso não faziam mais nada (santa vida). 
Algumas vezes os cozinheiros aproveitavam o forno ainda quente para confeccionar o rancho. O frango assado era lá que se preparava e outros petiscos.
Os padeiros, bons malandros, como qualquer militar que se prezasse, guardavam sempre uma dúzia de casqueiros na sua arrecadação, pois se houvesse alguma tainada, a sua contribuição era o pão. Também se algum amigo precisasse eles sempre lhe davam, ou então, quiçá para pagar algum favor a alguma "bajuda" mais afoita e atiradiça que rondasse o local, quem sabe, mas este item ficará para sempre nas calendas das suas memórias.
Por hoje é tudo, fiquem bem e um bem hajam por me aturar.
Monteiro (manhiça)

sexta-feira, 3 de abril de 2015

FELIZ PÁSCOA 2015

Camarigos de Madina, desejamos uma feliz Páscoa. Que a alegria da Ressurreição de Cristo esteja sempre convosco. 
Nesta Páscoa, que é um momento de união, vamos parar para reflectir e ver a vida de uma maneira diferente. Vamos pensar nos companheiros que já partiram e nas suas famílias e vamos ter presente que a distancia, pode impedir um abraço, mas não impede a nossa amizade. FELIZ PÁSCOA 
Monteiro (Manhiça) .

Prece, dedicada a todos os Madinas falecidos

Cantai com a voz, Cantai com o coração, Cantai com a boca, Cantai com a vida, Aleluia, Aleluia.
Com esta prece e louvor, recordamos os que partiram antes de nós, desde os nossos pais, familiares, bem como os amigos que um dia formaram grupo connosco, sem nos termos conhecido nem contactado em primeira mão para um contracto de uma longa viagem com destino marcado, e com regresso em aberto, que por sinal, foi muito salutar, deixando raízes e sementes de vidas novas. Esta prece, eleve os nossos corações na alegria da Ressurreição de Cristo, Luz Nova nas nações, que O Louvam, ao som dos instrumentos, da trombeta, da lira, da cítara, do tímpano e com a dança, com harpa e com a flauta, com os címbalos sonoros e retumbantes, e com tudo o que respira, louve-O com sons de Aleluias Pascais neste tempo de Lua nova, como citam os salmos 148(149);149(150).
O homem novo, canta o cântico novo, e pertence ao Testamento novo, porque não há ninguém que não ame. A questão, está em saber o que se deve amar. Não somos, exortados a não amar, mas sim a escolher o que havemos de amar. (Citação do Saltério Litúrgico, e palavras de Stº Agostinho) 
José Graça Gaipo

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Ovo de Páscoa e sua simbologia


Quando eu era criança, não entendia muito bem a Páscoa. No tempo quaresmal, e a partir do 1º domingo da Quaresma e domingo do Senhor dos Terceiros, no final da tarde, após a procissão quaresmal, em minha casa, ao jantar, os meus pais davam-nos a prova e saborear as primeiras amêndoas, de fabrico local, as quais, eram lisas e coloridas, umas pequenas e outras maiores, com miolo de amendoim da região dos Açores, embora no mercado local houvesse também outras de melhor qualidade, e de recheio de amêndoa.
Havia também outras iguarias da Páscoa, as “chamadas de sobremesa e caramelo, bem como os célebres confeitos, de sabor a funcho e limão”, estas destinadas ao dia de festa por excelência.
No meu tempo, nada se sabia, nem era hábito em minha casa no domingo de Páscoa termos ovos de chocolates. A minha mãe, falava-nos na sua linguagem simples, explicando a simbologia do ovo, comparando com o nascer dos pintainhos, quando ela deitava a galinha com os ovos, tarefa que, ela cada ano fazia para nos apercebermo-nos da vida e da sua propagação.
Sobre os ovos de Páscoa, falava-mos sim, mas dos folares de massa sovada, em que a minha mãe na semana antes da festa Pascal, preparava a massa sovada, e a todos tendia um bolinho, cada qual com o seu ovo, o chamado “tradicional folar da Páscoa”, fazendo um folar comum para a família ou adultos.
Também nos falava do coelhinho branco, e da sua relação com a festa dos tabernáculos da Páscoa, dado que o coelho também se reproduz.
Mas, o que tem a ver coelho com ovos, seus símbolos, com a ressurreição de Jesus ou a fuga dos hebreus do Egipto comandada por Moisés?
Mais tarde, percebi a relação de tudo isto. Os ovos são o símbolo do nascimento.
Ali dentro, uma vida por vir ao mundo. É o eterno milagre da vida que renasce todos os dias. O coelho é o animal que se reproduz com uma velocidade estonteante, é uma ode à família, uma declaração de amor que a natureza faz todos dias.
Renascer é nascer, somos nós mesmos que renascemos nos nossos filhos, é a vida que se pereniza na prole. A fuga dos hebreus é o fim da escravidão de um povo. A escravidão equivale à morte, porque escravizar, é tirar a vontade, a alma e a vida a alguém que nos incomoda.
Libertar da escravidão é viver de novo, é renascer.
Jesus é a Ressurreição.
Este eterno milagre que nos encanta é o milagre da vida que a Páscoa nos relembra.

FELIZ PÁSCOA                    
Que todos os amigos de Madina Mandinga tenham uma Feliz e Santa Páscoa….
Que o coelhinho a todos traga muito mais que simples ovos de chocolate…
Que uma Santa Páscoa transporte muita saúde, felicidade, compreensão e carinho.
Que sejam todas as famílias abençoadas por Aquele que nos deu a sua vida.
Que a nossa Páscoa seja uma taça colorida de frescas e perfumadas rosas que, dispostas em mesa familiar e em Domingo de Ressurreição, se tornem festim de partilha, na harmonia das iguarias deste tempo Pascal.
É o que desejo humildemente num abraço de grande aleluia.
Feliz Páscoa.
Ponta Delgada-Açores- 1 de Abril de 2015
José Graça Gaipo