segunda-feira, 20 de outubro de 2014

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

RECORDAÇÕES

Olá Camarigos, família de Madina.
Aqui estou eu em mais um dia de saudade e nostalgia pelos tempos idos da nossa juventude, difíceis? Sim, mas de uma sã camaradagem e amizade.
Tempos esses que neste entrar do Outono das nossas vidas, vão povoando as nossas memórias e são companhia em tardes de calmaria.
Olho as fotos da nossa passagem por Madina e que vejo? Rapazinhos, alguns ainda imberbes, que no melhor da sua juventude ali foram parar e fazerem uma coisa que para a maior parte de nós não fazia ideia do que se passava. Mas enfim, era a sina dos rapazes de antanho que aos 18 anos já tinham o destino traçado, ida para a vida militar.
Camarigos, mas mesmo assim e dissipando os medos que nos acometia, tínhamos uma vida cheia de alegria, pois qualquer motivo era ocasião para comemorar e festejar e esses festejos eram sinónimo de grandes e fortes "pielas", regadas com whisky ou umas cervejolas. Fosse uma vinda de férias à dita "Metrópole", fosse um aniversário de um camarada, logo se bebia. Era uma tainada feita por um camarigo mais afoito na cozinha para preparar um cabrito, que horas antes tinha sido surripiado a algum pastor (mais tarde o Capitão pagava, e onde muitas das vezes era convidado para o repasto do dito roubado e sabiamente cozinhado).
Era uma festa na messe onde saía sempre uma rodada de cantorias, tão bem cantadas e tocadas pelo nosso querido Gaipo e onde eram melhor regadas a CHIVAS ou OLD PARR, mas muito contestadas pelo grupo dos magnórios, (Monteiro, Fernando e o Silva) que tão sabiamente e apropriadamente tiveram o nome dado pelo saudoso e finado TIBRITO. Para finalizarem havia sempre 2 fadistas, um o TIBRITO e outro o Capitão a cantar o embuçado, e sempre contestados pela Troika do Porto.
As lembranças levam-me até NOVA LAMEGO, "cidade" onde dávamos largas a tudo o que podíamos, pois também era terra de diversão e para alguns, mas poucos de "pacado", era a força da juventude, pois tínhamos 20 e poucos anos, era a compra de recordações para as pessoas amadas, enfim era uma maneira de nos sentirmos gente.
Os livros que lá lemos, as cartas que escrevemos, os jornais antigos de semanas, o correio que era recebido com sofreguidão, saudade e acima de tudo com amor, porque para muitos de nós eram cartas da mulher amada onde se trocavam juras de amor, onde tinham sido derramadas lágrimas de saudade e amor e que para nós, os apaixonados, eram o elixir da força e perseverança para aguentar a hora do retorno ao seio dos nossos queridos e para os braços da mulher amada.
Foram meses e meses a ver o pesadelo da distância que nos separava das nossas terras mas que era colmatado com a amizade e companheirismo de toda a Companhia. Ficaram mazelas, mas a amizade ficou e cada ano que passa ela se fortalece com os nossos encontros e que Deus permita que sejam por muitos anos.
Camarigos, por hoje é tudo e só agradeço a vossa paciência para aturar e ler os escritos/desabafos dum "velho" que à falta de melhor põe-se a escrever, lamurias e recordações.
Fiquem bem e um bem hajam
Monteiro, ( Manhiça ).