sexta-feira, 16 de março de 2012

OS 14 FURRIÉIS MILICIANOS

Somos poucos mas somos bons, de boa estirpe, boa cepa, bom carácter, mente sã, espírito forte, companheiros, irmãos e acima de tudo uma amizade que perdura ao longo de tantos anos, já o disse e reafirmo, se nós nos juntamos, não foi por acaso, por algum motivo foi e agora mais do que nunca, damos valor à amizade, pois já passamos os quarenta que é a velhice dos jovens e já estamos nos sessenta que é a juventude dos velhos. Já deixamos a idade dos sonhos, a juventude, e estamos na fase das recordações, a velhice.
Quantas saudades daqueles tempos em que, garotos de vinte anos, que muitas vezes pareciam crianças no jardim de infância a fazerem asneiras e brincadeiras.
Por força do cargo, quantas saudades e tristezas foram reprimidas para dar o exemplo aos nossos companheiros, para muitos de nós foi a grande escola da vida, pois meninos e moços, por força das circunstâncias nos vimos com tão grande responsabilidade de conduzir os nossos homens pelos melhores caminhos de resguardo e paz.

De todo o grupo de furriéis, sempre muito coeso, uns foram mais sacrificados, outros injustiçados e alguns muito mimados, mas é mesmo assim, pois a VIDA É UMA TAPEÇARIA QUE SE BORDA DIA A DIA, COM FIOS DE MUITAS CORES, UNS PESADOS E ESCUROS, OUTROS FINOS E LUMINOSOS, MAS NO FIM TODOS CONSTRUÍRAM A TAPEÇARIA, e assim foi connosco e o que ficou para nós mostrarmos aos nossos vindouros foi a nossa linda amizade e para todos os nossos companheiros que já partiram e em especial ao nosso FurMil Lázaro eu digo: DITOSOS OS DIGNOS DE MEMÓRIA, descansai em Paz.
Em suma aqui fica o meu contributo e o meu pensamento sobre os meus queridos companheiros, irmãos e amigos de tristezas e alegrias:-

COSTA, o "doente", a tropa passou por ele a correr, pois o poiso principal dele era o hospital militar em Bissau e a pensão D. Berta, com estágios em vários cafés da cidade de Bissau. Um "ENGANADOR", um baldas de 1ª apanha.

MADRUGO, o irmão que eu nunca tive, o alentejano purinho de gema, que teve o azar de me ter por companheiro e eu ter a mania de ser "chico esperto". Tudo me aturou, muito lhe devo, obrigado, tenho-te no coração.

FERNANDO, o reguila de Leça da Palmeira, com toda a escola de marear, um dos protegidos que pertencia à "cantera do tiBrito", grande companheiro, colega de quarto, fazia parte da seita do Porto.

QUINITO, mais um da "cantera do tiBrito", ninguém ainda hoje sabe o porquê de ele ser o mestre de obras, um mistério.

PEDRO, Lisboeta de gema, boémio e malabarista também fazendo parte da dita "cantera do tiBrito", amigo e companheiro do peito, estava tudo bem, sempre doente de um joelho desde que chegou á Guiné.

PATRÍCIO, o nosso pastilhas, o homem que zelava pela saúde física, mental e sexual de todos nós. Um borguista.

SILVA, o alegre Silva, sempre calmo e generoso, nada se passava com ele, estava sempre tudo bem.

GAIPO, o jovem inovador e muito dedicado aos projectos culturais. A música era a sua arte preferida. Gostava de pôr a cantar bem e certinho, ao som da sua viola, toda a rapaziada, muito embora a malta do Porto não acertasse na melodia.

SOARES, o foragido, metido no seu casulo, mas sempre no meio dos seus homens e ocupado na jogatina das cartas. Nada dado a festanças, mas muito popular e um amigo.

FREITAS, o "betinho" da companhia, rapaz inteligente pois soube viver à sombra do tiBrito e não fez ondas. Faziam-se boas petiscadas no seu quarto.

CÂMARA, o açoriano que mal se dava por ele, passou um pouco ao lado de tudo e de todos.

LÁZARO, o trabalhador, o mecânico que Deus tem, paz à sua alma.

MONTEIRO, bom rapaz, tipo "magnório" que acima de tudo e de todos era um homem do Norte o qual defendia contra tudo e todos. Sempre muito critico e em alta voz, mas que acabava por entrar no goto do tiBrito.

RAFAEL, o rapaz adulto que teve o azar de cair num pelotão, muito tempo sem alferes, por isso com pouco tempo para mais.

Companheiros furriéis, camarigos de Madina, depois destas pequenas farpas, peço a Deus QUE ILUMINE TODOS OS VOSSOS DIAS NOS ANOS QUE ORA VÊM.
Eis os nossos homens hoje recordados:
Furriéis Milicianos
- Leonel Francisco Isaías Madrugo – 1º pelotão
- Manuel da Costa Monteiro – 1º pelotão
- José Manuel Graça Teixeira Gaipo – 2º pelotão
- Joaquim Lopes Rafael – 2º pelotão
- António Gonçalves da Costa – 3º pelotão
- Fernando Manuel Sobral Soares – 3º pelotão
- Pedro Marques Ferreira dos Santos – 4º pelotão
- Carlos Alberto Melo Câmara – 4º pelotão
- Lázaro Martins Loureiro – mecânico auto e chefe da oficina - já falecido
- António Lourenço Patrício – enfermeiro e chefe da enfermaria
- José Manuel Ferreira da Silva – transmissões infantaria e chefe do serviço
- José Luís Costa Freitas (dr.) - vagomestre
- Fernando Moreira dos Santos – armas pesadas
- Ezequiel Joaquim Soares da Silva – atirador c/muitas funções
Por tudo, bem hajam e um forte abraço: Monteiro (Manhiça)

1 comentário:

  1. Como já vai sendo hábito falo em nome do Madrugo...comovida e atenta a tudo que se vai postando por aqui.Imagino o que se está a passar na cabeça de quem faz a postagem(cada episódio relatado está a ser revivido).Um abraço de parabéns a cada um dos homenageados desta postagem.
    P.S.o Madrugo foi e continua a ser purinho de gema e faz tudo pelos outros,mais do que faz por ele.

    Helena Madrugo(esposa do Madrugo)

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