terça-feira, 16 de junho de 2015

Mensagem Encontro 2015


Caros amigos
O intemporal em nós, está ciente do intemporal da vida, e sabe que o ontem, não é senão a memória do hoje, e o amanhã, é o sonho de hoje.
Mas, se em pensamento quiserdes medir o tempo em estações, deixai que cada estação compreenda todas as outras, e deixai que o hoje, abrace o passado com saudade e o futuro com ânsia, porque;
Nós somos primavera
gostamos de cantar,
nós somos juventude
nascemos para amar.
Na verdade, estamos em Junho, e com ele, mais um começo de festa e vida renovada em partilha.
Como é bom estar em ambiente que nos envolve de sentimentos onde a amizade é o padrão que equilibra a ratio de sermos tal qual somos na vida e nas coisas que são da razão de nós homens.
Por maiores que sejam as causas ou motivos deste novo reencontro, é certo que a presença de cada um, é motivo de alegria e confraternização, para recordar o passado no presente, tempo que palmilhamos cada dia, que é afinal um tempo sempre diferente daquele que planeamos e gostamos.
A amizade do reencontro no tempo presente, é a componente solidária que por natureza nos vincula e convida a um partilhar, nem que seja o olhar e sorriso de cada um.
As sociedades constroem-se, no compromisso e lealdade do homem, e por isso, interligadas não só pela presença vital, mas também por serem novas forças motrizes, que nos despertam no caminhar para o abraço que nos espera, e que em troca, soa a voz e a palavra amiga, que esteve distante em algum momento.
Sempre entendeu o tempo numa dimensão cíclica, sujeita ao efeito do “eterno retorno”.
Isto explica a importância, desde logo, às celebrações e ritos que evocam e reproduzem o tempo primordial, aquele que sempre nos marca e vincula a um objectivo concreto, cuja essência subsiste no reportório dos grandes valores da amizade já enraizada, ao passo que tudo o resto, se torna secundário.
O equinócio da Primavera finda com a chegada da nova estação “O verão”  e comemora-se o 41º ano da nossa tão tradicional festa, de Reencontro de, Os Amigos de Madina Mandinga.
Numa retrospectiva do tempo da nossa era, todo o circuito de nossas vidas, contemplam um ciclo que enquadra as estações, e por isso, certo astrónomo disse: Mestre, e o tempo?
E Al Mustafá replicou:
“Se dependesse de vós, mediríeis o tempo ilimitado e o incomensurável.

Tentais adaptar a vossa conduta e até dirigir o rumo do vosso espírito de acordo com as horas e as estações.

Desejais fazer do tempo um ribeiro, em cuja margem vos sentaríeis a vê-lo fluir.

Porém, o intemporal em vós, está ciente do intemporal da vida, e sabe que o ontem, não é senão a memória do hoje, e o amanhã, é o sonho de hoje.

Mas, se em pensamento quiserdes medir o tempo em estações, deixai que cada estação compreenda todas as outras, e deixai que o hoje, abrace o passado com saudade e o futuro com ânsia”.
Que a nossa festa seja uma canção de primavera, estação onde a terra se reveste de ervas, e todas as plantas se rompem em flores de esperança.
A Primavera está associada ao Oriente, porque nessa época todas as plantas começam a brotar da terra; o Verão, está vinculado ao Meio-Dia, porque essa zona é mais fustigada pelo calor; o Inverno, com o Norte, porque é enrijecido pelos frios e pelo gelo perpétuo; e o Outono, com o Ocidente, pois é uma época de graves enfermidades e em que caem todas as folhas das árvores, para que o Outono abunde em doenças, concorrem a vizinhança do frio e do calor e o choque entre os ventos contrários.
Por motivos muito compreensíveis, a sua iconografia e identidade esteve e está sempre ligada, de maneira directa às tarefas e às celebrações do misterioso ciclo agrícola. Conservou-se, todavia, o costume de personificar as estações diferenciadas pelos atributos: a Primavera com as flores, o Verão com as espigas, o Outono com os cachos de uvas, o Inverno resguardado por roupas.
Se um dia, nos dispuséssemos a fazer uma manta de retalhos com o quadro das estações, em que iniciamos e terminamos a nossa carreira ou serviço militar obrigatório, decerto que o puzzle sairia muito enriquecido de matizes e lembranças que o tempo nunca apagará de nossas memórias.
Descrever as nossas cartas ou correspondências diárias, as manhãs, as tardes, os dias, as noites, o calor, a humidade, os cheiros, as vozes, os barulhos estranhos, o luar, o sossego nocturno e inquietante, os verdes tornados escuros com o vazio da noite longa, tudo isto é dar novo movimento e vida às aspirações da sobrevivência de homens carentes com ânsias e desejos tornados em sinais de novos rumos.
A colorida manta de retalhos, com certeza que produziria um arco-íris, contendo no intemporal das suas cores, o ilimitado e incomensurável tempo e vida disponibilizado em estado de alerta contínuo a tempestades ruidosas e selvagens do IN, que sorrateiramente envolto em neblina lançaria o seu mortífero veneno.
Qual manhã, onde a geada e o nevoeiro estavam de partida ao raiar novos fachos de luz solar, os suaves vapores húmidos esvoaçando sobre os mesmos espaços alimentando os verdes adormecidos da esperança longa que, o tempo media na lonjura dos dias, das horas e dos meses.
Qual poema, pintado de palavras e conversas nocturnas nunca passado ao papel, porque a realidade pareceu sempre um sonho desfeito, porque as lágrimas sofridas descoloriram as tintas e os matizes da nossa linguagem e pensamento.
Que a nossa festa seja bálsamo para os nossos sentidos, e em todos os nervos pule uma sensação revigorante que estimule um suave impulso do coração.
Que o lauto manjar ou repasto, seja ao toque de excitante alegria, onde não falte a música, o soar de pífaros, o rufo de tambores, o ranger do realejo e o toque da gaita-de-foles, com a dança, as folias e os saltos da rapaziada ao som das tradicionais canções populares.
Que a alegria se prolongue até ao ocaso da tarde, que o abraço do hoje em despedida temporária seja um até logo, dá-me notícias tuas, e sempre que nossas vozes se cruzem no espaço hertziano, digamos sempre, olá, estou deste lado, conheço a tua voz e a tua palavra muito amiga. Obrigado pela tua atenção e me ouvires por momentos.
Bem hajam a todos na Paz, na Saúde e na Alegria e no viver de cada dia.
José Graça Gaipo

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